14/09/11

Valor

A certa altura li num post do Alvim, e passo a citar, “Na nossa vida somos culpados de tudo, até mesmo da falta dela. Ninguem me venha dizer que não tem culpa dos amigos que tem, nem do emprego, nem do patrão, nem dos filhos. Nós somos culpados de tudo o que temos. E também do que não temos.” E não posso estar mais de acordo.
Ora ao ler as noticias, ao ouvir-me a mim mesmo ( a pensar alto ), aos desabafos de amigos, quase que chego a conclusão que tudo isto é uma enorme amargura, que viver não é uma dadiva mas quase que um castigo. Que somos injustiçados por isto por aquilo e por aqueloutro, que somos enganados e que só atingiríamos a felicidade suprema se vivêssemos a vida de outra pessoa que não a nossa ou se nos saísse o euromilhões. Mas que raio de fundamento tem isto? Se estamos mal, porque é que não mudamos? Se não gostamos de pessoa x porque é que continuamos? Se não nos sentimos realizados com o emprego, porque é que não fazemos um esforço para arranjar algo melhor? Ora o que eu acho, é que no fundo, gostamos, gostamos de dizer que estamos mal, que nada nos corre bem. É moda. É moda dizer mal disto daquilo e de aqueloutro. É moda dizer que a vida dos outros é facilitada e a nossa é que é complicadíssima. É moda estar mal. É moda aproveitar a vida só a partir de amanha e não hoje.
E aqui andamos, a continuar a não dar valor ao que temos, a dar valor ao que não temos. A dar valor ao que nos trata mal em vez de estimar quem nos trata bem. A menosprezar o garantido e a desejar o difícil, mesmo quando, por vezes, o que desejamos não é mais que, muito pior, do que aquilo que temos garantido.
É a meu ver, uma estranha forma de vida, mas no fundo é a nossa. Forma de vida essa que me ensinou, meio à força, que só damos valor aquilo que tivemos quando, a perdemos.

2 comentários:

  1. E isso normalmente acontece sempre tarde demais... ;)

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  2. Podemos ver isso de diversos prismas.. por um lado, sem sombra de duvidas que concordo consigo, cara blogger, por outro lado, algo me diz que é mais uma oportunidade para aprendermos a dar valor ao que nos resta, a valorizar mais os instantes que estamos juntos e não os instantes que imaginamos que iremos estar, e blasblasblas..!

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